sábado, 11 de abril de 2009

O que será de Jacarepaguá? - Sinopse

As construtoras estão arrasando as áreas verdes de Jacarepaguá – um dos maiores bairros do Rio de Janeiro, espécie de Amazônia da Cidade Maravilhosa, junto à Barra da Tijuca.

Sítios, pomares, chácaras e casarões com seus majestosos quintais estão dando lugar a condomínios residenciais, equipados com o que há de mais “moderno”.

Os reflexos dessa avassaladora transformação já começaram a aparecer: o trânsito, que fluía bem nas principais ruas e avenidas dos sub-bairros (Freguesia, Taquara, Tanque, Pechincha, Anil, etc.), está caótico. As autoridades não se pronunciam sobre como as redes de infraestrutura sanitária se comportarão nos próximos anos, mas é comum ver vazamentos de esgoto até mesmo nas regiões “nobres”.

Além das tradicionais Cidade de Deus e Rio das Pedras, outras favelas nascem na periferia, fazendo uma pressão de fora para dentro e acarretando uma série de problemas sociais. Os serviços de atendimento médico são precários. A maioria dessas novas favelas está invadindo reservas da Mata Atlântica.

Focamos o problema na visão de uma criança de oito anos.

Roberta nasceu em Jacarepaguá. Cresceu convivendo com araras, saguis, bentevis, sanhaços, gaviões, corujas e vagalumes, que normalmente frequentam as árvores de sua casa e dos espaços vizinhos, no condomínio Portal da Serra, no Anil, entre a Serra do Grajaú  e o Bosque da Freguesia – duas reservas da Mata Atlântica.

No seu dia-a-dia, no percurso para a escola ou para a Barra, Roberta vem acompanhando a degradação ambiental do bairro. Os prédios se multiplicam nos terrenos que abrigavam árvores. Ela tem percebido que os “bichinhos” já não aparecem com a mesma frequência de outros tempos.

Para esclarecer o problema de forma mais abrangente, ouvimos o gestor do Bosque, Márcio Carazza, que fala das dificuldades para enfrentar as agressões à natureza praticadas pelos frequentadores da reserva. Explica também sobre a falta de recursos para a manutenção do espaço e de instrumentos legais para conter a especulação imobiliária.

O biólogo Paulo César Abreu ensina sobre o perigo de extinção que se abateu sobre diversas espécies da região. Aves, lagartos e pequenos mamíferos que se deslocavam do Maciço da Tijuca para o Maciço da Pedra Branca, em Campo Grande, fazendo das áreas verdes de Jacarepaguá uma escala para a jornada da procriação, foram obrigados a se fixar nos espaços de origem. Hoje, são vitimas da especiação – ou seja, estão se reproduzindo dentro do próprio grupo, perdendo imunidade contra diversos males. Basta que um deles adoeça para que todos do grupo morram.

Prosseguimos com Roberta, agora visitando a calçadas dos novos lançamentos imobiliários e, depois, retornando ao Bosque.

Com o seu bonequinho ao colo e cercada por uma natureza ainda exuberante, ela pergunta se ainda haverá árvores e “bichinhos” em Jacarepaguá para que ela possa mostrá-los a seus filhos, daqui a alguns anos. 

Quem garantirá esse direito de Roberta e de milhões de crianças como ela?


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